domingo, 11 de abril de 2010

Software para Automação de Bibliotecas

As grandes transformações nas áreas sociais, culturais, econômicas, entre outras, têm como fio condutor a informação que transmite, divulga e disseminam novos conceitos, novos valores, novas idéias. Tudo gira em torno da informação, quer seja ela registrada ou não. A globalização, as mudanças de paradigma, o surgimento da sociedade da informação, a valorização do conhecimento, a necessidade de decisões rápidas, a agilidade da mídia na difusão da informação, a revolução do processo de transmissão e o avanço contínuo da tecnologia trazem implicações nos processos de organização e acesso à informação. A informatização dos serviços de informação surge então, como elemento fundamental no processo de flexibilização do uso da informação e no próprio aperfeiçoamento e expansão destas tecnologias. As bibliotecas que se propõem a oferecer serviços de qualidade aos usuários não só devem acompanhar e adaptar as tecnologias às necessidades e especificidades de sua clientela, mas também, fazer o uso adequado de sistemas que privilegiem todas as etapas do ciclo documental.
A automação de procedimentos técnicos em bibliotecas remonta a década de 60 com a utilização de grandes computadores (mainframes). Com grande capacidade de armazenamento, mas sem permitir a atualização on-line, estes sistemas foram criados principalmente para a geração de catálogos. Em 1980, o desenvolvimento de aplicativos para gerenciamento trouxe maior agilidade no tratamento e na recuperação das informações, no entanto eram construídos, em sua maioria, com o objetivo de resolução de problemas específicos das bibliotecas. Durante esta década várias soluções foram desenvolvidas localmente, bem como também se observou a utilização do Micro Isis, base de dados desenvolvida pela UNESCO, em diferentes bibliotecas e Centro de Documentação.
A partir da década de 90, podemos vislumbrar uma nova fase caracterizada pela disponibilidade de ferramentas – hardware e software, com uma infinidade de recursos e possibilidades. Pacotes de softwares comerciais foram apresentados a comunidade usuária. Conhecidos como sistemas de gerenciamento de bibliotecas, estes sistemas foram projetados para integrar e controlar as atividades essenciais de uma biblioteca pressupondo a utilização de normas e padrões internacionais que permitiriam a compatibilidade e o intercâmbio de informações.
Esses sistemas e os avanços tecnológicos trouxeram novas perspectivas para a automação dos serviços e produtos de uma biblioteca, mas também, dificuldades aos profissionais na seleção e avaliação da ferramenta mais adequada às necessidades da biblioteca. A variedade de recursos e possibilidades e o contínuo desenvolvimento destas ferramentas são alguns dos fatores que dificultam, para o profissional responsável pela seleção e implementação do sistema, a escolha de uma ferramenta que contemple os recursos hoje disponíveis sem se tornar obsoleto a curto ou médio prazo.
O grau de complexidade das informações contidas nesses sistemas, a variedade de recursos e possibilidades, o contínuo desenvolvimento destas ferramentas e o desconhecimento das necessidades da biblioteca e de seus usuários podem levar a seleção de um software inadequado a automação que se pretende realizar. Daí a necessidade de estabelecimento de mecanismos e procedimentos específicos para a avaliação e seleção de ferramentas adequadas à realidade das bibliotecas.

OBJETIVOS

O objetivo deste estudo é subsidiar a FINEP com informações que orientem uma proposta de automação de bibliotecas universitárias para que estas, aparelhadas com os recursos tecnológicos adequados, possam integrar-se a Biblioteca Digital Brasileira - BDB. Procura atender também, a proposta de ação formulada por Maria Romcy de Carvalho às agências de fomento na qual, propõe o apoio à aquisição de sistemas integrados de automação de bibliotecas como implantação de projetos de bibliotecas digitais em bibliotecas universitárias e a interligação destas a Biblioteca Digital Brasileira (BDB). Este estudo foi realizado através de consultoria contratada pelo IBICT com o patrocínio da FINEP, agência que financia o Projeto da Biblioteca Digital Brasileira (BDB) e que tem como subprojeto a avaliação de softwares para automação de bibliotecas universitárias.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi:
A aplicação de um questionário eletrônico contendo requisitos relevantes a avaliação de um software ou sistema para automação de bibliotecas; A demonstração técnica dos representantes dos sistemas/software.
Visita a usuários dos respectivos sistemas/softwares analisados nas etapas posteriores.
Os dados utilizados neste estudo foram definidos e coletados pelo IBICT a partir da indicação das consultoras. No processo de seleção das empresas, buscaram-se identificar aquelas cujos produtos são sistemas integrados de automação que programam os padrões bibliográficos e normas internacionais, são interoperáveis e possibilitam a cooperação e o compartilhamento de recursos com outros sistemas. A identificação dessas empresas foi feita através de sites na Internet e de citações em artigos técnicos na literatura existente sobre o tema.

REQUISITOS AVALIADOS

A qualidade do software está relacionada aos requisitos designados para o produto. Requisitos é um conjunto de atributos de software que devem ser satisfeitos de modo que o mesmo atenda as necessidades dos usuários. A determinação dos atributos relevantes para cada software será variável em função do domínio da aplicação, das tecnologias utilizadas, das características específicas do projeto e das necessidades do usuário e da organização. A qualidade de um software/sistema também pode ser avaliada através das visões do usuário, do desenvolvedor e da organização. Na visão do usuário, são qualidades de um software/sistema, o desempenho, a confiabilidade dos resultados e o preço; aos desenvolvedores relevantes são os aspectos de conformidade em relação aos requisitos funcionais; a organização avalia os aspectos de conformidade em relação aos requisitos funcionais e também aspectos de custo, cronograma, idoneidade da empresa e condições contratuais.
Alguns requisitos que devem ser avaliados:
Funcionalidade: analisa a capacidade do software de fornecer funções as quais satisfazem as necessidades quando usado para automação de bibliotecas. Neste requisito foram avaliados aspectos referentes a:
Adequação (realiza aquilo a que se propõe)
Tecnologia - Atende às funções básicas de um biblioteca/centro de documentação?
Seleção, aquisição e catalogação; Circulação; Recuperação da informação; Processo gerencial; Acuraria
Interoperabilidade (permite interação com outros sistemas)
Conformidade (está de acordo com normas, leis, etc.)
Segurança de acesso (evita acesso não autorizado a programas e dados?)
Confiabilidade: avalia a capacidade de um software de manter seu nível de desempenho.
Os aspectos avaliados foram: Maturidade; Tolerância a falhas; Recuperabilidade
Usabilidade: demonstra a capacidade que um software possui em relação ao entendimento, aprendizagem e satisfação do usuário sob determinadas condições. Avalia aspectos referentes a facilidade de uso:
Inteligibilidade; Apreensabilidade; Operacionalidade
Eficiência: avalia a capacidade do software de proporcionar o nível de desempenho exigido, referente a quantidade de recursos usados sob determinadas condições: Tempo
Manutenibilidade: avalia a capacidade que o software possui de ser modificado. Modificações estas que incluem correções, aperfeiçoamentos ou adaptações do software devido a mudanças de ambiente em solicitações e especificações funcionais:
Analisabilidade; Modificabilidade; Estabilidade
Portabilidade - avalia a capacidade do software de ser transferido de um ambiente para outro:
Adaptabilidade; Instalação; Conformidade

PADRÕES BIBLIOGRÁFICOS E NORMAS INTERNACIONAIS

A adoção de padrões e protocolos internacionais específicos à área, observando as facilidades de compartilhamento de dados e o intercâmbio de informações, são características consideradas indispensáveis aos softwares com vistas à automação das bibliotecas universitárias e a sua integração a BDD. Foram observados:
Formato MARC (Machine Readable Cataloguing) - Conjunto de padrões para identificar, armazenar e comunicar informações bibliográficas em formato legível por máquina. Devido a uma estrutura de registro complexa, o formato MARC possui flexibilidade de uso de diversos tipos de materiais tornando-os compatíveis entre sistemas automatizados. O formato foi designado para descrever cinco tipos de dados: Bibliográfico, Coleções, Autoridade, Classificação e Informação à Comunidade.
ISO 2709 - A norma ISO 2709 - Documentation Format for Bibliographic Interchange on Magnetic Tape foi desenvolvida pelo Comitê Técnico ISO/TC 46, Informação e Documentação, Subcomitê SC 4, Aplicativos de computador na informação e documentação, da International Organization for Standardization (ISO). Esta norma especifica os requisitos para o formato de intercâmbio de registros bibliográficos que descrevem todas as formas de documentos sujeitos à descrição bibliográfica. Não define a extensão do conteúdo de documentos individuais e nem designa significado algum para os parágrafos, indicadores ou identificadores, sendo essas especificações as funções dos formatos de implementação. A ISO se preocupa em apresentar uma estrutura generalizada, ou seja, um arcabouço projetado especialmente para a comunicação entre sistemas de processamento de dados, e não para uso como formato de processamento dentro dos sistemas.
Protocolo OAI-PMH - Open Archives Iniciative Protocol for Metadata Harvesting. Protocolo modelo de interoperabilidade baseado no processo de coleta automática de metadados (Metadata Harvesting). Este protocolo opera sobre o protocolo HTTP.
Protocolo Z39.50 - Proposto inicialmente, em 1984, para ser utilizado com informações bibliográficas pela National Information Standard Organization (Niso) e aprovado em 1995, é utilizado para a recuperação de informação bibliográfica de computador para computador, possibilitando ao usuário de um sistema pesquisar e recuperar informações de outro sistema, ambos implementados neste padrão. Especificam formatos e procedimentos administrando a troca de mensagens entre um cliente e um servidor, habilitando o cliente a solicitar que o servidor consulte um banco de dados, identifique registros e recupere um ou todos os dados identificados. Destina-se à comunicação entre aplicações para recuperação de informações, e não promove a interação entre o cliente e o usuário.
UNICODE - É um sistema de codificação que estabelece um único número para cada caráter, não importa a plataforma, não importa o programa, não importa a língua.
XML (extensible Markup Language) - Linguagem de descrição documental para utilização na Internet. O XML é um subconjunto da linguagem SGML, especificamente para ser usado na Web, com uma estrutura e validação de dados mais sofisticada do que o HTML.

Nenhum comentário:

Postar um comentário